sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Roteiro gatronómico

É já na próxima semana que iniciamos uma nova actividade nesta plataforma on-line. Com efeito, será a partir da segunda-feira, dia 24 de Novembro, que os nosso alunos e visitantes terão acesso, através do nosso blog, às mais variadas receitas da cozinha tradicional portuguesa e não só. Um intenso percurso grastronómico onde serão referidas as receitas mais típicas das diferentes regiões do país e além fronteiras.
Se ainda não acham interessante esta actividade, leiam o que aconteceu a Álvaro de Campos por ter de ir almoçar num restaurante.
DOBRADA À MODA DO PORTO
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
Álvaro de Campos, in Poemas
Heterónimo de Fernando Pessoa

 
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