quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A tesoura de Átropos

«Numa das paredes do corredor, e no silêncio abafado, luta Dom Beltrán, o cão, com o terrível pesadelo, porfiando por se libertar daquela duna imensa onde mais e mais se vai enterrando. Batem-se numa outra superfície os dois campônios obstinados, intentando escacarar-se mutuamente os redondos crânios de idiotas sem remissão. Volta Dom Francisco a respirar muito fundo. Movem-se as três parcas no painel de tintas lúgubres, trocam risos entre si, e avança a mais implacável, vogando na extrema ligeireza. Estremece numa gargalhada, corta certeiramente o débil fio de prata.»
In Gémeos de Mário Cláudio.
Até mais ver.
AMIGO

 
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