Foi nesse devagar de bruma cansada dezembria.O vapor do mar e o fumo do frio iam embebendo o céu e as nuvens.Saiu à rua para engolir o último cheiro da noite, para passear os últimos risos e cores, para se comprar desesperadamente o último pingo dos seus sonhos.Da Rua Augusta estendeu o seu olhar no Castelo iluminado, para pôr a secar a sua lembrança náufraga, atirada ao vaivém por um golpe de ventania.A recordação congelou a noite de Lisboa eternamente e, no bafo do gelo, ficou escrita para sempre essa saudade que despede os marinheiros da nostalgia. Javier Carmona...