terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Foi nesse devagar

Foi nesse devagar de bruma cansada dezembria.
O vapor do mar e o fumo do frio iam embebendo o céu e as nuvens.
Saiu à rua para engolir o último cheiro da noite, para passear os últimos risos e cores, para se comprar desesperadamente o último pingo dos seus sonhos.
Da Rua Augusta estendeu o seu olhar no Castelo iluminado, para pôr a secar a sua lembrança náufraga, atirada ao vaivém por um golpe de ventania.
A recordação congelou a noite de Lisboa eternamente e, no bafo do gelo, ficou escrita para sempre essa saudade que despede os marinheiros da nostalgia.
Javier Carmona

 
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